Friday, March 23, 2007

ronda noturna


achei que era assim, sabe, naquela cidade grande dos prédios de concreto que às vezes assustam. pensei que ia passar impune. uma brincadeira sem qualquer consequência, sabe, daqueles que a gente dá risada e brinca com os amigos e depois é como se nunca houvesse existido. amo o etéreo, amo o nada, o sumiço, quero sempre estar assim desaparecendo com a facilidade prometida pelos grandes manuais e produtos da TV. mas o telefone tocou no dia seguinte e no outro e eu, tão mal-amado, me vi preso no labirinto do amar-não-amar, da maldição, do filha da puta que nunca fui e acabei por renegar a mim mesmo. sou maldito, sou cão de rua e gritei com orgulho e desliguei o telefone rápido. sem mais chamadas a cobrar. você entende? é a mudança. o medo da realidade quando vem tão próxima, quando a gente não tem como fugir nem como ser ninguém mais durante nem que seja um fim de semana. adeus prestação de contas. talvez eu não seja o que é o amor. talvez eu só delire com impossíveis. qual a graça da garota ao lado? esquece. sigo minha vigia. sempre atento, sempre perdido.

1 comment:

Gustavo Pinchiaro said...

è uma visão concreta sobre essa vida mundana, essa praia chamada boteco. è talvez até o preço o troféo ser o cão vadio filho da puta. Mas não deixamos de brincar com os amigos