Tuesday, January 02, 2007

agonia


caído ao chão. exausto. vencido. quantos murros na cara me derrubaram? contei até o quinto, quando o sangue escorrendo deixou de ser quente e a pele da boca estourada parou de gritar de dor. a cerveja na mão esticada é o alívio. ajudou a me derrubar, mas não tenho qualquer ingratidão. abençoada, diminuiu a agonia. mesmo quente, desceu pela garganta seca, pelos lábios cortados. o pouco alcool desceu e trouxe qualquer ajuda necessária.

você me liga mais uma vez e nem me serve de consolo. é outra chamada a cobrar que só vai piorar tudo. tomo outro gole da cerveja e desligo o celular. a bateria fraca, também, mal permitiria uma conversa suficiente para restaurar em mim a saudade de nós dois. a história que nunca terminou fica adiada novamente. fico ali e sinto a dor voltando lentamente, os lábios em frangalhos, quantos dentes perdidos? nem quis reagir, mas agora sinto uma raiva e descontentamento que se misturam com um arrependimento por tudo que deixei que acontecesse sem esboçar reação. quando deixei que você fosse sem um último beijo em minha boca agora vermelha deste sangue sujo.

eu sempre faço isso.

sempre me deixo cair e sofro na sarjeta, a cabeça pendente e as mãos fracas buscando alguma coisa que nem sei o quê. aquela cefveja foi a primeira coisa que me veio na mão. você vê? o alcool cura algumas feridas. cura com fogo e queimando as chagas.

3 comments:

Anonymous said...

ao invés de agonia, poderia se chamar suicídio, dessas vidas que reclamamos tanto para uma que o gozo é o único prazer.

Diandra said...

que bonito!

Anonymous said...

Obrigado por Blog intiresny