Tuesday, December 12, 2006

caminhada


eu andava olhando pra baixo, sabe. havia muitas coisas em que se pensar e a paisagem parecia obscura, como uma antiga fotografia em preto e branco. tua presença dava algum colorido a tudo, mas não era jamais o suficiente. talvez porque você nunca se desse por inteira. a face virada meio de lado, o sorriso displicente, enigma. os abraços não tão apertados assim. quando você se foi, também, não senti surpresa, desalento - sim - mas pude agüentar, era o fim esperado. porque sei que as boas ondas duram pouco e a sorte não dá em trevos de quatro folhas. talvez fosse cedo demais para mim, para você, para esse universo idiota que está em constante expansão, as galáxias e estrelas se afastando cada vez mais. entende? se afastando. sim, são as leis da física, levando tudo para longe de nós, cada vez mais. e o destino final é ser buraco-negro, atraindo a luz, tornando tudo escuridão. e, como eu dizia, eu andava de cabeça baixa, cantando as músicas que me lembravam dos dias bons. e tentando colocar cores naquele cenário destruidor das ruas de minha cidade pequena cidade tão interioranas e tão vazias e simples. porque o único sentimento que combina com o cinza é a melancolia, e as músicas em meus fones de ouvido me sopravam esperança, enquanto eu lembrava de quando a esperança não era só uma sensação esmagadoramente falsa.

4 comments:

Anonymous said...

vc ta puxando um bob
soh pode

Anonymous said...

é impressionante como vivemos de sensações, mas os momentos inesquecíveis são quando as perdemos.

Anonymous said...

Ei, há ainda esperança sim! A própria Física diz que corpos com massa se atraem. Se ATRAEM

Anonymous said...

não é nem saudade
e nem esperança
é saudade da esperança.
triste, mas totalmente real.